Fui ativista estudantil (1967/68). Militante clandestino (1969/70). Preso político (1970/71). Tenho travado o bom combate, lutando por um Brasil mais justo, defendendo os direitos humanos, combatendo o autoritarismo.

Sou jornalista desde 1972. Crítico de música e de cinema. Cronista. Poeta. Escritor. Blogueiro.

Tentei e não consegui eleger-me vereador em São Paulo. Mas, orgulho-me de ter feito uma campanha fiel aos objetivos nortearam toda a minha vida adulta: a construção de uma sociedade igualitária e livre, tendo como prioridades máximas o bem comum e a felicidade dos seres humanos.

Em que a exploração do homem pelo homem seja substituída pela cooperação solidária do homem com os outros homens. Em que sejam finalmente concretizados os ideais mais generosos e nobres que a humanidade vem acalentando através dos tempos: justiça social e liberdade.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O PSOL NA ENCRUZILHADA

Juiz Haywood (Spencer Tracy): a primeira
infâmia abre caminho para todas as outras
Há sempre uma desculpa ou atenuante qualquer para se ultrapassar a fronteira entre a civilização e a barbárie, o justo e o injusto, o certo e o errado, o digno e o indigno.   

Então, a regra de ouro foi expressa pelo velho juiz protagonizado por Spencer Tracy, num filme memorável: Tribunal em Nuremberg (d. Stanley Kramer, 1961). 

Indagado sobre quando começou o desvirtuamento da Justiça alemã  sob o nazismo, ele responde: "Foi no dia em que o primeiro juiz condenou o primeiro réu que ele sabia ser inocente".

É imperativo para nós, os verdadeiros revolucionários, voltarmos a ser os que não abrem o precedente dúbio, ao qual segue-se a banalização da dubiedade. Por maior que seja o preço a pagar, cabe-nos personificar a alternativa à geléia geral na qual conveniências amorais e imorais são colocadas à frente dos princípios. Ou não haverá para o cidadão comum nenhum símbolo visível de que outro mundo seja possível.

O PSOL pode agora abrir tal precedente, ao consentir que Clécio Luís, seu primeiro prefeito de capital, defenda posturas TOTALMENTE inaceitáveis (como a aceitação do financiamento de bancos e empreiteiras e as alianças indiscriminadas com reformistas) à luz dos valores socialistas e libertários aos quais aderiu até no nome. Com o agravante de já haver aceitado apoios repulsivos para vencer a eleição --os quais, sabem-no os que não acreditam em Papai Noel, certamente terão consequências nefastas na sua gestão.

Se não reagir firmemente na defesa de sua identidade política, o PSOL entrará no mesmo caminho sem volta que o PT começou a trilhar quando da expulsão de Paulo de Tarso Venceslau, em 1998.

Venceslau, o que levou o bom
combate às últimas consequências
A QUEDA DOS ANJOS

Ex-militante do movimento universitário e antigo combatente da ALN, o economista Venceslau foi a única voz no partido a protestar contra o PRIMEIRO grande esquema de desvio de recursos públicos para financiamento partidário, por meio de uma firma chamada CPEM - Consultoria para Empresas e Municípios.

Tendo sido secretário das finanças de duas prefeituras petistas no interior paulista, em ambas ele resistira às pressões para contratar a CPEM ou para pagar-lhe valores exorbitantes por serviços já prestados, acabando por ser exonerado da última delas, a de São José dos Campos.

Depois de dois anos de denúncias infrutíferas aos dirigentes máximos do PT, Venceslau tornou público o favorecimento escuso à CEPM em entrevista ao Jornal da Tarde.

Como resposta ao escândalo, o partido submeteu o assunto a Comissão de Ética presidida por Hélio Bicudo, cuja salomônica decisão foi a de que Venceslau deveria ser expulso por haver vazado um assunto interno para a imprensa burguesa; idem o empresário Roberto Teixeira, da CPEM, por pilotar um mais do que evidente (e evidenciado no relatório final da Comissão) esquema de corrupção, bem ao estilo daquele que depois celebrizaria Marcos Valério. 

Luiz Inácio Lula da Silva, que Venceslau aponta como responsável pela montagem de tal esquema e maior beneficiário (graças ao dinheiro sujo, sua tendência teria mantido a supremacia no partido), ameaçou sair do PT juntamente com Teixeira --que, além de tudo, era seu compadre e lhe fornecia um apartamento de cobertura para morar de graça.

A direção estadual optou, então, por desconsiderar o parecer da Comissão de Ética, expulsando somente Venceslau. Foi o instante em que se assumiu como um partido igual aos outros, capaz até de sacrificar um militante honesto (e REVOLUCIONÁRIO!!!) para preservar uma maçã podre. 

Teixeira,  figurinha carimbada, seria depois
convocado para depor na CPI dos Bingos
Segundo Venceslau, o tal Teixeira havia sido, inclusive, "torturador do delegado Fleury". E em 2006, quando era advogado da Brasil Telecom e foi convocado para depor na CPI dos Bingos, admitiu "conhecer" Daniel Dantas, dizendo-se impedido de dar mais detalhes por haver cláusula de confidencialidade

Ao contrário do que os petistas querem nos fazer crer, no caso deles o  ovo da serpente  não foi o  mensalão mineiro, mas sim as maracutaias da CPEM. Estão certíssimos ao alegarem que todos os grandes partidos do sistema incidem nas mesmíssimas práticas, mas devemos sempre lembrar-lhes que o PT tinha obrigação política e moral de não resvalar para tal vala comum.

Tudo que de ruim aconteceria depois foi consequência desta terrível decisão. Orgulho-me de haver me solidarizado a Venceslau, antecipando que o partido tendia ao desvirtuamento, no artigo PT expulsa PT, que o Jornal da Tarde publicou com destaque na sua página de Opinião, ao lado e como contrapartida a uma crítica que João Paulo Cunha (logo quem...) fazia ao correto trabalho jornalístico de Luiz Maklouf Carvalho.

Como, face às mesmas circunstâncias, tendemos a desempenhar novamente os mesmos papéis, devo ter sido o primeiro a pedir agora a expulsão de Clécio Luís (vide aqui). É provável que nem desta vez meu alerta leve ao esmagamento do  ovo da serpente, mas a minha parte eu sempre faço.

sábado, 24 de novembro de 2012

LIVRO EM GESTAÇÃO

"...no fundo, tenho alma de articulista. Durante o Caso Battisti, principalmente, fiz o que mais gosto: travar pessoalmente as lutas e utilizar meus textos, urgentes e contundentes, como arma para reagir aos acontecimentos. Escrevo com muito mais tesão no calor das batalhas.

Neste final de 2012, contudo, os caminhos que até então vinha trilhando parecem esgotados: ou por se terem revelado ilusórios, ou por a acumulação de forças haver cessado.  E não sou de ficar patinando sem sair do lugar; inexistindo movimento, sinto faltar-me o ar.

Ao fazer um balanço das minhas opções, percebi haver percorrido um longo caminho desde que acabei de escrever o Náufrago, tendo, portanto, seguido à risca o conselho do grande compositor Ednardo: 'Está escrito/ No grande livro da sabedoria popular/ Que primeiro se deve viver/ Que é pra depois poetar'.

Não só há muitos episódios novos para relatar, como o naufrágio da minha geração foi definitivamente superado: os ideais de 1968 estão de novo nas ruas, mesmo que os ocupantes de Wall Street, os manifestantes contra a ganância, os que confrontam tiranias bestiais e os escrachadores de monstros evitem rotulações.

Era este, aliás, o sentido último do título do meu primeiro livro: houve um naufrágio, mas houve sobreviventes. A utopia nunca morre."

Trechos da introdução do Guerreiro da Utopia, meu novo livro, que pretendo concluir ainda em 2012, para lançamento no primeiro semestre de 2013.

É também a justificativa de não estar alimentando meus blogues com a profusão de textos novos a que os leitores se habituaram. Minhas manhãs agora pertencem ao Guerreiro.

E, enquanto estiver escrevendo-o, continuarei avaliando minhas perspectivas para 2013. Alguns caminhos estão fechados ou já me levaram até onde poderiam levar. Prefiro tentar abrir novas frentes de atuação do que insistir nas velhas.

Sempre dedicando os melhores esforços à realização da utopia, que é a razão de ser da minha vida.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

UM ESTRANHO NO NINHO DO PSOL

Este é o caminho que Clécio Luís aponta para o PSOL
É um imperativo moral para o PSOL expulsar de suas fileiras o prefeito eleito de Macapá, Clécio Luís, por trombetear posições que o descaracterizariam como partido de esquerda.

Em entrevista concedida à Folha de S. Paulo, Clécio ofende a nossa inteligência ao afirmar:
  • que o PSOL deveria rever o veto a financiamento de bancos e empreiteiras, pois "para enfrentarmos eleições, nós temos que ter estrutura para podermos nos movimentar", passando a dispor "das mesmas ferramentas" dos demais partidos; e
  • que, por não ter "relações orgânicas com esses grupos", o PSOL não se tornaria um partido promíscuo (como todos os outros que seguiram o mesmo caminho...).
Se o Clécio acredita que bancos e empreiteiras sejam entidades beneméritas, prontas para financiarem candidatos do PSOL sem nenhuma contrapartida ilegal e/ou imoral, está no lugar errado. Que vá procurar sua turma entre os que ainda creem em Papai Noel e não enxergam (ou não querem ver) as distorções da democracia sob o capitalismo putrefato.

Quanto à sua proposta de uma "política de reaproximação" com outros partidos, inclusive o PT, implicaria trair o compromisso fundamental do PSOL com o socialismo revolucionário.

Revolucionários existem para acabarem com a exploração do homem pelo homem. Reformistas cumprem o papel de atenuarem os malefícios do capitalismo, desviando para a mesa dos explorados algumas migalhas a mais do banquete dos exploradores. Não há nem jamais haverá identidade ESTRATÉGICA possível entre ambos.

Como nos tempos de Rosa Luxemburgo, há uma
opção a ser feita entre reforma e revolução.
Podem somar forças em algumas circunstâncias, mas a aliança será sempre, exclusivamente, TÁTICA. P. ex., quanto ao apoio e defesa de políticas sociais, mas nunca perdendo de vista que aos revolucionários cumpre aprofundá-las, não se detendo nos limites aceitáveis para os capitalistas.  

Ou seja, devemos, sim, somar forças com os reformistas quando se trata de evitar retrocessos e respaldar avanços, ainda que homeopáticos. Mas, nunca nos restringindo a eles nem deixando de ressaltar que a nossa luta é por objetivos maiores, por conquistas verdadeiras e definitivas, não por meros paliativos. 

Queremos isso e queremos muito mais, porque os trabalhadores merecem muito mais. Merecem ser os senhores de uma sociedade igualitária e livre.

Depois de aceitar apoios extremamente questionáveis para ser eleito, Clécio está fornecendo à imprensa burguesa os maiores trunfos para a desmoralização do partido desde a sua fundação. Salta aos olhos que a mensagem implícita do jornal da  ditabranda   é: "Vejam como os políticos do PSOL mudam seu discurso quando chegam ao poder. Mostram-se tão oportunistas quanto todos os outros".

O que podemos esperar do seu governo, além de outras  flexibilizações de princípios  que envergonharão e desacreditarão o PSOL?

Se não o expulsar, o partido estará abrindo mão de algo muito mais valioso do que a prefeitura de Macapá: a sua identidade.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

CLIENTE = COCÔ DO CAVALO DO BANDIDO (NA VISÃO DO UOL)

Abaixo estão a queixa que enviei na madrugada deste dia 1º à ombudsman do UOL e um complemento que encaminhei a ela agora pela manhã. São autoexplicativos.

SOU ASSINANTE DO UOL HÁ PELO MENOS UMA DÉCADA. MINHA MENSALIDADE É SEMPRE DEBITADA EM CONTA, SEM PROBLEMA NENHUM.

EM OUTUBRO, CONTUDO, NÃO HOUVE O DÉBITO POR PROBLEMAS QUE, ABSOLUTAMENTE, NÃO ME DIZEM RESPEITO: GREVE BANCÁRIA E INCAPACIDADE DO UOL DE EQUACIONAR A SITUAÇÃO SEM INCOMODAR O CLIENTE -- EU.

PARA PIORAR, PASSEI A RECEBER E-MAILS DESELEGANTES E IMPOSITIVOS, QUE SERIAM EXAGERADOS MESMO NO CASO DE CLIENTE RESPONSÁVEL PELA INADIMPLÊNCIA. QUE COMUNICAÇÃO DESASTROSA!

MESMO ASSIM, TOMEI A INICIATIVA DE CONTATAR O SAC E PEDIR QUE ME ENVIASSEM UM BOLETO ELETRÔNICO. PROMETERAM MANDAR, MAS NADA CHEGOU.

O QUE CHEGOU FOI UM BOLETO, PELO CORREIO. A DATA DE VENCIMENTO É 7 DE NOVEMBRO.

PAGUEI-O NESTA 4ª FEIRA, DIA 31. ANTECIPADAMENTE, PORTANTO.

AGORA HÁ POUCO, TENTANDO ACESSAR MEU E-MAIL SECUNDÁRIO, CONSTATEI, PASMO, QUE O ACESSO HAVIA SIDO CORTADO. ISTO NUM CASO DE UM CLIENTE EXEMPLAR, QUE NÃO TEVE RESPONSABILIDADE NENHUMA NA NÃO EFETIVAÇÃO DO DÉBITO E QUE SEMPRE SE DISPÔS A PAGAR, NÃO O FAZENDO ANTES POR NÃO HAVER RECEBIDO A PROMETIDA FATURA POR E-MAIL!!!

PARA COMPLETAR A COMÉDIA DE ERROS, VOCÊS PROMETEM ATENDIMENTO TELEFÔNICO 24 HORAS, MAS A ATENDENTE NÃO PÔDE SANAR O PROBLEMA DE MADRUGADA PORQUE ISTO DEPENDE DO SETOR DE COBRANÇAS, QUE "FECHA" ÀS 22h30...

GRAÇAS A ESSA SUCESSÃO DE LAMBANÇAS, FICOU PREJUDICADO O TRABALHO QUE EU ESTAVA FAZENDO NA HORA. JORNALISTA TRABALHA TAMBÉM NESSES HORÁRIOS ESTRANHOS, COMO VOCÊ DEVE SABER.

PROTESTO VEEMENTE CONTRA O CORTE INJUSTIFICADO E PRECIPITADO DO SERVIÇO QUE CONTRATEI. NEM MESMO CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇOS PÚBLICOS TOMA ESSAS ATITUDES ANTIPÁTICAS ANTES DE 30 DIAS DE INADIMPLÊNCIA.

PIOR AINDA É UMA ORGANIZAÇÃO BATER CABEÇA. SE MANDAM UM BOLETO COM 07/11 COMO DATA-LIMITE, É ÓBVIO QUE QUALQUER MEDIDA RETALIATÓRIA SÓ PODE SER TOMADA CASO NÃO HAJA PAGAMENTO NO DIA 07/11. É O ABC DO OFÍCIO.

O UOL ME DEVE DESCULPAS E A ADOÇÃO DE MEDIDAS PARA EVITAR A REPETIÇÃO DESTE PATÉTICO EPISÓDIO.

* * *

A COMÉDIA DE ERROS PROSSEGUE. ALÉM DO RELATADO ABAIXO, ENTREI EM CONTATO COM O SETOR DE COBRANÇA ÀS 10h56 DESTE DIA 1º E FUI INFORMADO DE QUE O LEVANTAMENTO DO BLOQUEIO DE ALGUNS RECURSOS SÓ SE DARÁ APÓS A CONFIRMAÇÃO DO PAGAMENTO EFETUADO ONTEM, EMBORA EU TIVESSE EM MÃOS O RECIBO ELETRÔNICO, PODENDO FORNECER OS DADOS (AGÊNCIA, HORÁRIO, Nº, ETC.).

OU SEJA: O CLIENTE É CULPADO (DE UMA INADIMPLÊNCIA DA QUAL NEM SEQUER FOI RESPONSÁVEL) ATÉ QUE PROVE A INOCÊNCIA. MAIS UM ABSURDO. 

SE O EMBARGO NÃO FOR IMEDIATAMENTE LEVANTADO, ACIONAREI TODOS OS ÓRGÃOS DE DEFESA DO CONSUMIDOR E ESCREVEREI PARA TODAS AS COLUNAS DE DIREITOS DO CONSUMIDOR DA NOSSA IMPRENSA.