Fui ativista estudantil (1967/68). Militante clandestino (1969/70). Preso político (1970/71). Tenho travado o bom combate, lutando por um Brasil mais justo, defendendo os direitos humanos, combatendo o autoritarismo.

Sou jornalista desde 1972. Crítico de música e de cinema. Cronista. Poeta. Escritor. Blogueiro.

Tentei e não consegui eleger-me vereador em São Paulo. Mas, orgulho-me de ter feito uma campanha fiel aos objetivos nortearam toda a minha vida adulta: a construção de uma sociedade igualitária e livre, tendo como prioridades máximas o bem comum e a felicidade dos seres humanos.

Em que a exploração do homem pelo homem seja substituída pela cooperação solidária do homem com os outros homens. Em que sejam finalmente concretizados os ideais mais generosos e nobres que a humanidade vem acalentando através dos tempos: justiça social e liberdade.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

MAIS UM MASSACRE CAUSADO PELA GANÂNCIA. ATÉ QUANDO?

Sob o capitalismo, a prioridade máxima é o lucro. A vida humana vem depois.

Então, a cada grande tragédia o quadro que se repete é o de homens e mulheres vitimados pela ganância.

Eu era praticamente vizinho do Edifício Joelma, cujo incêndio, em 1974, causou 144 óbitos. Então, quando a imprensa publicou a lorota de que os funcionários dos escritórios não souberam encontrar as escadas de emergência, quase vomitei.

O principal negócio lá instalado era uma financeira. Havia controle extremamente rígido de portarias, para que ninguém lograsse escafeder-se com a sagrada grana. Daí tangerem toda a movimentação entre andares para os elevadores, TRANCANDO as escadas. Deu no que deu.

Agora foi a vez da cidade gaúcha de Santa Maria, nome agourento --a cidade de Santa Maria de Iquique, no Chile, foi palco em 1907 do massacre de centenas de trabalhadores esfaimados por tropas militares, episódio imortalizado numa belíssima cantata do grupo Quilapayún.

Por ganância, na tal boate Kiss (cujo beijo foi o da morte...) dificultava-se a movimentação das pessoas, tanto que nem mesmo saída de emergência existia. Era mais importante que ninguém caísse fora sem saldar sua comanda, a ponto de, no início do incêndio, os seguranças ainda estarem mais preocupados em BARRAR a fuga dos clientes.

Por ganância, os extintores eram FALSIFICADOS.

Por ganância, a banda usou um sinalizador baratinho (R$ 2,50) que só serve para espetáculos ao ar livre, ao invés de adquirir o mais caro (R$ 70), indicado para recintos fechados.

Por ganância não se investiu na estrutura necessária para realmente garantir a segurança dos frequentadores.

Por ganância se permitiu o ingresso de um número demasiado de pessoas, extrapolando em muito a lotação recomendada.

CONTAGEM REGRESSIVA

Resumo da opereta: o capitalismo exterminou mais 235 seres humanos. E, em sua fase terminal, continuará cumprindo a função de anjo exterminador, até que o matemos nós.

Esta opção entre a vida e a morte, teremos de fazê-la à medida que as alterações climáticas forem se acentuando.

Torcendo para que, quando a ficha afinal cair, ainda tenhamos como assegurar a perpetuação da espécie humana, independentemente dos milhões e milhões que o capitalismo já terá sacrificado com a maximização das catástrofes causadas pela ganância.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O QUE ESTÁ POR TRÁS DA PRISÃO ABERRANTE DO PROFESSOR BASCO?

Desde a última 6ª feira (18), encontra-se detido no Brasil o antigo militante do separatismo basco Joseba Gotzon, que desistiu da luta, veio para cá e passou os últimos 16 anos levando vidinha pacata e distanciada da política, como professor de espanhol no Rio de Janeiro.

Conforme esclareceu (vide aqui) o também professor Carlos Lungarzo, que há mais de três décadas atua como defensor dos direitos humanos, há DÚVIDAS quanto à participação de Gotzon num atentado sem vítimas fatais:
"A Espanha diz que ele é suspeito de ter participado de um ataque a bomba em 1991, no qual foi ferido um policial. Mas, o próprio estado espanhol não diz que isso esteja confirmado".
De resto, ainda que fosse provada sua participação, não há mais hipótese de ele ser punido: O CASO PRESCREVERÁ NA SEMANA QUE VEM! Foi o que autoridades espanholas admitiram ao jornalista Mauro Santayana (vide aqui), antigo correspondente da Folha de S. Paulo em Madri, que continua tendo ótimas fontes naquele país.

Lungarzo: contra Gotzon
existem apenas suspeitas
Então, os paralelos com o Caso Battisti existem, mas também há diferenças importantes:
  • o governo espanhol não parece nem de longe estar tão interessado na extradição de Gotzon como o de Silvio Berlusconi estava; e
  • tratando-se de crime menos grave do que o falsamente atribuído a Battisti (ferimento e não morte), sem uma sentença condenatória dos tribunais espanhóis e que estará prescrito em questão de dias, a possibilidade de o Conselho Nacional para os Refugiados recomendar a extradição, o ministro da Justiça ou o STF autorizá-la e a presidente Dilma Rousseff aprová-la é NENHUMA.
As grandes questões são: por que a Polícia Nacional da Espanha veio atrás do inofensivo e já esquecido Gotzon no Brasil e por que a Polícia Federal brasileira acumpliciou-se com tal iniciativa FLAGRANTEMENTE ARBITRÁRIA E INÚTIL.

A hipótese mais plausível é que policiais discordantes da política de pacificação que está possibilitando a reintegração dos antigos etarras (os militantes da  Euskadi Ta Askatasuna, ou seja, Pátria Basca e Liberdade) à vida política espanhola, estejam fazendo uma PROVOCAÇÃO, para reabrir velhas feridas e atrapalhar a distensão implementada pelo governo, criando-lhe um constrangimento.

Vale lembrarmos, p. ex., que os militares franceses chegaram a formar uma organização terrorista (a OAS) e a atentar muitas vezes contra a vida do então presidente Charles De Gaulle, por estarem inconformados com o fato de ele haver ordenado a saída das tropas e colonos da Argélia.
Santayana: agentes da PF
merecem ser punidos
E, por aqui, a decisão do ditador Ernesto Geisel de desativar o DOI-Codi foi respondida com atentados a várias entidades da sociedade civil, incêndio de bancas de jornais e até a prisão de Vladimir Herzog (os agentes da repressão acreditavam que, sendo o  Vlado  um professor muito querido na USP, o movimento estudantil sairia às ruas, dando-lhes um argumento para defenderem a manutenção do braço hediondo do regime).

Mais difícil de entendermos é a colaboração  risonha e franca  da PF --salvo se pensarmos numa afinidade de policiais recalcitrantes de dois continentes, incapazes de aceitar as decisões tomadas pelos governos democráticos a que deveriam estar fielmente servindo.

Está certíssimo, portanto, o Santayana:
"Se não há acordo formal, negociado pelos respectivos ministérios de Relações Exteriores, os policiais brasileiros envolvidos podem sofrer sanções disciplinares. Nesse caso, a Polícia Federal não deve prestar serviço a autoridades estrangeiras, nem a Policia Nacional da Espanha atuar no Brasil".
Neste momento, mais preocupante do que o caso em si (tende a desabar como castelo de cartas quando o Conare dele se ocupar) é a possível existência de um foco extremista dentro da PF --a qual, no mínimo, deve aos brasileiros uma explicação sobre os motivos de ter agido como agiu.

E nunca é demais lembrarmos que Gotzon JAMAIS DEVERIA ESTAR PRESO. Privam-no abusivamente da liberdade, repetindo o que os então ministros do STF Cezar Peluso e Gilmar Mendes fizeram com Cesare Battisti, ao mantê-lo encarcerado por mais cinco meses depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia dado o xeque-mate na questão.

NÃO PODEMOS PERMITIR QUE TAIS RETALIAÇÕES ILEGAIS E  VENDETTAS  MAQUILADAS VIREM MODA NO BRASIL!!!

Daí a necessidade de os defensores dos direitos humanos se manifestarem pela libertação imediata de Joseba Gotzon, firmando a petição on line que pode ser acessada aqui e formando correntes de solidariedade.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

ESQUECERAM DE AVISAR A PF QUE NÃO SOMOS MAIS COLÔNIA EUROPÉIA

Quanto tempo perderemos desta vez...
O veterano comentarista internacional Mauro Santayana foi muito feliz em seu artigo O etarra preso e o Caso Battisti, publicado na Carta Maior (vide íntegra aqui) sobre a prisão do antigo combatente do separatismo basco Joseba Gotzon. A detenção se deu na última 6ª feira (18), no Rio de Janeiro, onde Gotzon tocava sua vidinha sem incomodar ninguém. 

Vale a pena reproduzir os principais trechos:
"É preciso saber quais foram os trâmites oficiais para que a Espanha enviasse agentes seus ao Brasil, a fim de obter a prisão do cidadão basco Joseba Gotzon, que vivia e trabalhava no Brasil com identidade falsa. A notícia, divulgada em primeira mão pelo jornal ABC, de Madri, é clara: a detenção havia sido feita por agentes da Polícia Nacional da Espanha. Mais tarde, outras versões diziam que a detenção fora realizada somente pela Polícia Federal.

Se assim foi, seria importante saber se essa colaboração entre a Polícia Federal brasileira e a Policia Nacional da Espanha se faz mediante acordo oficial, aprovado pelos parlamentos dos dois Estados, ou não.

Se não há acordo formal, negociado pelos respectivos ministérios de Relações Exteriores, os policiais brasileiros envolvidos podem sofrer sanções disciplinares. Nesse caso, a Polícia Federal não deve prestar serviço a autoridades estrangeiras, nem a Policia Nacional da Espanha atuar no Brasil, se é que agentes espanhóis participaram da operação, da forma divulgada pelo ABC de Madri.
...até chegarmos ao único desfecho plausível?
 Joseba Gotzon (seu nome basco) cometeu um crime, que quase todos os fugitivos cometem: o de falsidade ideológica, mediante adulteração de documentos.
Por isso, e só por isso, pode ser processado, julgado e, eventualmente, condenado no Brasil. Quanto à sua suposta atuação na luta armada, considerada terrorista pelo governo de Madri, ela não nos diz respeito como Estado.
Joseba é acusado de tentativa de morte, por ter atacado policiais espanhóis, que, mesmo feridos, sobreviveram. Esse crime deverá prescrever em uma semana, de acordo com a informação de fontes espanholas. Trata-se, claramente, de um delito de natureza política. No Brasil, Joseba é apenas um adulterador de documentos, ato explicável em sua situação clandestina como foragido.
É o mesmo caso de Cesare Battisti, que, mesmo acusado de falsidade ideológica, e de assassinatos políticos na Itália, não confirmados - desde que, se os houvesse cometido, teria o dom da ubiqüidade, e disparar sua arma em duas cidades ao mesmo tempo - teve seu pedido de extradição negado pelo STF e, agora, aqui vive tranqüilamente como escritor".
Vamos torcer para que, desta vez, a INDEVIDA, DESCABIDA e INACEITÁVEL extradição seja fulminada já no âmbito do Conselho Nacional para os Refugiados (Conare) e do Ministério da Justiça, sem provocar outro novelão no Supremo Tribunal Federal.

E para que o Governo cientifique, de uma vez por todas, a Polícia Federal de que não somos mais colônia nem casa da sogra dos europeus, portanto nos indignamos quando autoridades a eles subservientes cometem arbitrariedades em nosso nome, envergonhando o Brasil.
TEXTOS RECENTES DO BLOGUE "NÁUFRAGO DA UTOPIA" (clique p/ abrir):
É este o novo DJANGO? Deus nos LIVRE...
O WESTERN ITALIANO, QUE FLERTAVA COM A REVOLUÇÃO

domingo, 20 de janeiro de 2013

É este o novo DJANGO? Deus nos LIVRE...

O carisma que falta para Jamie Fox...
Django Livre (Django unchained, 2012), a última besteirinha de Quentin Tarantino, tem um único mérito: despertar o interesse das novas gerações pelo western italiano, que foi realmente importante.

Já a mixórdia pop de Tarantino, nem de longe o é. Óbvio rato de cinemateca, ele usa e abusa das referências do passado porque nada de significativo tem a dizer sobre o presente.

Seu estilo pode ser resumido em duas palavras: vacuidade pirotécnica. Ou seja, lembrando a frase imortal de William Shakespeare, são filmes que não passam de fábulas contadas por um idiota, cheias de som e fúria, significando nada.

Django (d. Sergio Corbucci, 1966), do qual extraiu a matéria-prima, tinha pelo menos três sequências memoráveis: 
  • a chegada do soturno Django (Franco Nero) a uma cidade decadente e enlameada, a pé, arrastando um caixão de defunto; 
  • o confronto com os 42 seguidores do Major Jackson (Eduardo Fajardo), quando afinal abre o caixão e dele retira uma providencial metralhadora giratória; e
  • seus angustiantes esforços para adequar o colt às mãos feridas e encaixá-lo numa cruz, quando os últimos seis inimigos vêm chegando para o duelo final.
Ou seja, apesar da produção barata e do elenco inexpressivo, Corbucci brilhou intensamente em três momentos, que até hoje estão entre os mais lembrados do bangue-bangue à italiana.

E, num momento em que os extremistas de direita eram bem mais atuantes e perigosos, teve a coragem de caracterizar os efetivos de Jackson como uma mistura de Ku Klux Klan (os capuzes e as cruzes queimadas) e  Tradição, Família e Propriedade (os lenços vermelhos no pescoço).

...Franco Nero tinha de sobra.
Django Livre, noves fora, nada vai legar quando cair no merecido esquecimento, dentro de alguns meses. Afora, talvez, as atuações marcantes de Christopher Waltz (Dr. King Schultz) e Samuel L. Jackson (Stephen), contraponto à inexpressividade de Jamie Foxx (Django) e à canastrice de Leonardo DiCaprio (Calvin Candle).

Spike Lee reclama do excesso de vezes em que os escravos são chamados de  niggers. É a obsessão dos politicamente corretos, exigir que utilizemos eufemismos, como se o importante fosse mudar a forma como nos referimos às coisas do mundo, e não mudar o mundo...

Muito pior para a imagem dos negros (se ninguém os chama de  afro-americanos  nas ruas, por que eu deveria fazê-lo, artificialmente, nos meus textos?) é um ex-escravo (Stephen) se tornar o serviçal mais devotado ao patrão e outro (Django), um vil caçador de recompensas.

É claro que a realidade é bem menos edificante do que a desejada pelos maniqueístas. Dizem, p. ex., que os quilombolas de Palmares também possuíam seus escravos; e todos sabemos terem sido os próprios africanos que supriam os navios negreiros, vendendo os inimigos capturados nas guerras tribais.

Mas, Tarantino vai além, atribuindo ao seu Django uma ignomínia extremamente repulsiva e sem base histórica (não há registro nenhum de negro atuando como caça-prêmios). E o que é pior, apresenta-a como perfeitamente justificável.

Da mesma forma, em Bastardos Inglórios (2009) ele fez a apologia das mais covardes execuções e das torturas mais hediondas, desde que impostas por guerrilheiros judeus aos militares alemães. Se o Brilhante Ustra fizesse um filme sobre DOI-Codi x resistentes, não diferiria muito...

Mas, não exageremos. Oportunismo e calculismo (busca descarada de  succès de escandale) à parte, Tarantino quer mesmo é faturar alto, com o beneplácito da indústria cultural.

Então, passou longe, muito longe, de outra característica emblemática do western italiano, a simpatia pelas revoluções. Bater em cachorro morto (racismo, hitlerismo) é sempre mais conveniente.

E até mais vantajoso, quando o presidente da República é negro.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A MARINHA IGNORA QUE A ESCRAVIDÃO E A CHIBATA FORAM ABOLIDAS

Meu bom amigo e companheiro Ismar C. de Souza, militante do movimento negro na Bahia, pede uma força na divulgação desta denúncia: a Marinha brasileira, saudosa dos tempos do arbítrio, trata a pontapés a comunidade quilombola Rio dos Macacos, na Base Naval de Aratu.

O terreno pertence à União e há uma decisão da Justiça Federal, de agosto de 2012, determinando a saída dos quilombolas. Mas, mesmo não estando encerrada a disputa judicial, os marinheiros hostilizam sistematicamente os descendentes de escravos.

Rosemeire Silva, que coordena a associação dos moradores da comunidade, queixa-se de ter sido ilegalmente impedida de entrar na área nesta 5ª feira (3), além de haver tido uma máquina fotográfica destruída.

E soldados da Polícia Militar, chamados pelos marujos, ameaçaram inclusive disparar sobre os civis desarmados. “É uma absurdo o que está acontecendo. Somos trabalhadores rurais e não ladrões, para sermos perseguidos dessa forma.”

Ela relata outra forma de intimidação: “Toda vez que saímos de casa percebemos um veículo prata nos seguindo. Não tenho medo de dizer que estamos sendo ameaçados de morte pela Marinha”.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

MENSALÃO: NÃO ADIANTA CHORAR SOBRE O LEITE DERRAMADO

Já senti prazer em participar de fóruns virtuais, quando a internet ainda não era terreno minado, com fanatismo característico de torcidas de futebol.

Ultimamente, confesso, cada vez eu me sinto menos animado em afirmar que dois mais dois são quatro para depois ter de responder às mais primárias contestações.

P. ex., o caso do  mensalão. Antes mesmo do julgamento começar, eu alertava que, fincando pé na inocência dos réus, daríamos murro em ponta de faca. Saltava aos olhos que o PIG nos faria o cabelo, a barba e o bigode. 

O que aconteceu? A maioria bovinizada engoliu a ladainha da indústria cultural, de que se obteve um formidável êxito no combate à corrupção. E a banda de música petista ficou com o mico de haver implicitamente defendido práticas inaceitáveis à luz dos próprios princípios que nortearam a fundação do partido.

Parafraseando o título de um filminho erótico do Tinto Brass, o desvio de recursos públicos para outras finalidades é algo que  todos os governos fazem, salvo, às vezes, os revolucionários. 

O PT do século 21 não é revolucionário. O PT fez. E, por conta do seu passado, enlameou a esquerda aos olhos dos cidadãos comuns. 

Ao invés de salvar antigos companheiros que trocaram o marxismo pelo utilitarismo e, na pior das hipóteses, passarão um tempinho na prisão com infinitas mordomias, a minha prioridade foi sempre a de tentar salvar a imagem da esquerda. O dever do revolucionário é fazer a revolução, lembram? 

Clamei no deserto, mais uma vez. Em terra de cego, quem tem um olho... todos querem furar!
Rui Falcão: o PT jamais deveria
ter enveredado por tais práticas

Só agora, depois do mais amargo fim, é que a questão começa a ser abordada com um mínimo de racionalidade.

Falando sobre os erros cometidos durante os 10 anos em que o partido detém a Presidência da República, o presidente do PT, Rui Falcão, reconheceu que "o principal foi, em alguns momentos, termos enveredado por práticas comuns a outros partidos, mas que o PT não deveria ter enveredado por elas".

O mesmo Rui Falcão, aliás, foi quem abortou uma incendiária manobra do Zé Dirceu para que a Executiva Nacional do PT não reconhecesse o resultado do julgamento do mensalão e lançasse uma campanha de rua contra o Supremo Tribunal Federal. Como James Joyce, o Zé é daqueles que preferem ver seu país morrer por eles...

Já o ex-ministro da Justiça e atual governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, admitiu que, no julgamento do mensalão, "a ampla maioria das condenações foi adequada", dando como exemplo Delúbio Soares: "Ele era réu confesso, é natural que fosse condenado".

No seu entender, dentre os dirigentes petistas sentenciados, as únicas exceções foram os Zés Dirceu e Genoíno, cujas responsabilidades seriam apenas "de natureza política".

Sensatamente, Genro conclama os petistas a não continuarem dando quilometragem a uma acachapante derrota, pois  jus sperniandi  é consolo para imaturos:
"Nossa agenda não pode ser ficar a vida inteira explicando a ação penal 470. E nem uma agenda que seja predominantemente de solidariedade aos companheiros condenados. Eles têm de ter a solidariedade devida em função de um julgamento sem provas, mas é uma agenda que o partido tem de esgotar. Quando falo que nossa agenda não pode ser composta por um escritório de explicações quero dizer que já falamos o suficiente sobre isso. A ação penal, para nós, é história agora".
Tarso Genro considera adequada
a ampla maioria das condenações
Perfeito. Está mais do que na hora de olharmos para a frente.

No caso dos petistas, cabe-lhes tentarem provar que, no final das contas, compensou o Dirceu ter fechado aquela barganha imunda com os senhores do Brasil em 2002, quando assegurou que a política econômica neoliberal de FHC seria escrupulosamente mantida desde que eles dessem seu consentimento para o PT gerir as miudezas do estado burguês. 

Dito e feito: a mais-valia continuou intocável e em patamares escandalosos,  enquanto as políticas que tão somente atenuam a desumanidade capitalista têm sido suficientes para perpetuar esse  descaracterizado  (para não dizer castrado) PT no poder, exatamente como acontecia com o PRI mexicano.

No nosso caso, basta-nos honrar os ideais pelos quais o mesmo Dirceu lutou outrora, mas foi abandonando ao longo do caminho. Eu, pelo menos, deles não abdiquei nem jamais abdicarei. Morrerei revolucionário.